sábado, 1 de dezembro de 2007

Caetano Veloso estava certo!


Há alguns anos Caetano Veloso observava a falta de educação do carioca que avançava o sinal de trânsito, não respeitando o direito dos outros. Naquela época ainda não estava tão difundido o conceito hoje tão usado - e talvez por isso mesmo gasto - de cidadania. Ainda há pouco fui ao supermercado fazer umas poucas compras (6 itens) e me dirigi para a caixa na qual havia um cartaz dizendo: CAIXA RÁPIDA - ATÉ 15 ITENS. Tinha um casal na minha frente esperando que o cliente que estava à sua frente começasse a ser atendido. Foi quando percebi que aquele cliente tinha muito mais do que 20 itens em seu carrinho. Fui até ele e à caixa e disse-lhe que ele estava errado e que não devia estar naquela fila e que estava usurpando o direito dos outros que ali estavam com os seus poucos (até 15) itens. Ele resmungou qualquer coisa incompreensível e a moça da caixa não disse uma palavra. Tornei a dizer que ele estava errado e que era por causa de atitudes como a sua que jamais conquistaríamos a tão falada cidadania. O casal que estava à minha frente não se manifestou. Ninguém se manifestou. A pessoa que "furou" a fila disse mais algumas coisas incompreensíveis - ou que eu não quis compreender pois o meu direito usurpado não admitia mais que eu compreendesse coisa alguma. A moça da caixa não tomou qualquer atitude. A pessoa continuou a tirar os seus mais de 15 itens do carrinho e a caixa continuou a registrá-los. Cidadania? O que quer dizer isso? Eu em algum momento de minha vida também já devo ter feito coisas piores usurpando o direito de outras pessoas. Hoje aos meus quase 68 anos e com o temperamento que tenho e tendo passado pelas coisas que passei na vida penso mais sobre essas questões e acho que não sou mais capaz de pequenas transgressões. Mas às vezes perco o temperamento quando me sinto usurpado. Sei também que nos dias que correm, a minha admoestação à pessoa que erradamente se colocou na fila errada poderia ter deflagrado uma reação violenta dela para comigo. Hoje em dia campeia a violência e as pessoas se matam por um nada. Eu não fui violento. Fui enérgico na defesa de meu direito de cidadão. Como ninguém mais que estava na fila disse qualquer coisa devo concluir que Caetano estava certo. Cidadania? Qual. . .
P.S. Peço sinceras desculpas aos que acharam que eu exorbitei e prometo que numa próxima situação semelhante saberei me conter, pois afinal não moramos na Finlândia e eu não irei consertar o mundo com o meu destempero.

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