sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Trabalhos do tempo em que morei em Mauá

Em 1993 fomos morar em Visconde de Mauá aonde permanecemos até 2005. Embora eu ainda trabalhasse na Universidade Federal Fluminense, dando aulas no IACS - Instituto de Arte e Comunicação Social, montei um escritório para prestar serviços gráficos para a comunidade de Mauá. Lá a clientela era principalmente formada por Pousadas e Restaurantes, mas fiz de tudo um pouco, desde cartazes para festas religiosas, torneios leiteiros, até projetos mais sofisticados. Abaixo alguns trabalhos que ainda guardo os arquivos.

Marca e logotipo da MAUATUR - Associação Turística e Comercial de Visconde de Mauá

Marca e Logotipo para o evento anual de degustação de vinhos BEBAVINHO

Marca e Logotipo para o evento gastronômico TEMPORADA DA TRUTA

Logotipo da CAVVIN - Confraria dos Amigos do Vinho de Visconde de Mauá

Marca e Logotipo do IDEAS - Instituto para o Desenvolvimento Ambiental e Social


Marca e Logotipo da Pousada Terras Altas

Marca para ALEXANDRE VALENTIM Marcenaria de Interiores

Marca para capa do Livro I CHING - O Jogo dos Opostos, de autoria da Anna, minha mulher

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Nova Galeria Virtual

Estou expondo alguns de meus trabalhos de Pintura Digital numa nova galeria virtual na Internet. Apareça e veja. Clique aqui para vê-los.
Se você quiser ver algum trabalho ampliado, basta clicar sobre ele.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ary Duarte, meu pai: desenhista/pintor/designer. Meu mestre

Semana passada quando estivemos visitando nossa filha Priscilla que se mudou com a família para Belo Horizonte, recebi dela um presente precioso. Era uma pasta que julgava desaparecida há mais de 15 anos e que continha alguns trabalhos de meu pai e que não sei como foi parar nas mãos dela. Trabalhos muito interessantes daquele cartógrapho (era assim que estava escrito sob o nome dele em um dos trabalhos) que também era excelente pintor. Ele começou sua vida de desenhista, na segunda década do século passado, principalmente de cartografia, trabalhando no Escriptório Elipse de propriedade de seu pai, meu avô (também excelente desenhista), junto com seu irmão Hélio Duarte, que mais tarde viria a se tornar importante arquiteto em São Paulo e professor fundador da FAU da USP. Meu pai trabalhou durante toda sua vida produtiva como desenhista, não apenas de cartografia, mas do que aparecesse para ser desenhado, pois tinha quatro filhos para sustentar com um magro salário de funcionário público. E durante a sua carreira de desenhista foram das mais diversas naturezas as encomendas que recebeu e que realizou com um talento único para o seu tempo. Paralelamente à sua atividade de desenhista ele ainda encontrava tempo para fazer o que mais gostava, que era pintar, coisa que também fez durante toda a vida. Como pintor acadêmico que era, concorreu desde muito jovem às premiações do Salão Nacional de Belas Artes. Ganhou todos os prêmios possíveis, desde a mais modesta Medalha de Bronze até o maior e mais cobiçado que era o Prêmio de Viagem à Europa - uma bolsa de estudos de dois anos, paga pelo Ministério da Educação e Cultura. Este prêmio ele ganhou em 1955 com um belo quadro de grandes proporções representando um mercado boliviano ao ar livre. Ele mantinha em casa um grande atelier que era ao mesmo tempo seu local de trabalho e de aulas que dava a jovens que queriam se iniciar na pintura. Eu frequentei esse atelier como aluno dele, mas, como eu tinha consciência de sua excelência como pintor, me senti inibido de perseguir aquela carreira e me voltei mais para a atividade com a qual ele ganhava o pão de cada dia e passei a tomar aulas de desenho técnico com ele. Ele era muito rigoroso e crítico, o que foi muito bom para que eu adquirisse uma sólida formação naquele ofício. Depois de muito treinamento comecei a ajudá-lo em alguns trabalhos de cartografia, no tempo em que tudo era feito a mão, com instrumentos primitivos e pouco precisos. A pasta de trabalho dele que a Priscilla me deu continha trabalhos de cartografia e de outras naturezas, e até alguns ensaios de logotipos. Sua versatilidade e talento o levaram a explorar tudo o que o desenho permitia naquela época e a realizar trabalhos de alta qualidade e estilo único. Seus trabalhos tinham um estilo inconfundível, uma graça e leveza únicas. Digo que se ele tivesse nascido 60 anos depois da data em que veio ao mundo, teria certamente se tornado um grande desiner. Abaixo algumas amostras de seu talento.

Primeiramente como desenhista/cartógrafo/ ilustrador:


Cupons para arrecadar fundos para a campanha do Brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República

Trabalhos de cartografia, meio técnicos meio ilustrações.

E também de propaganda do governo.

Depois como desenhista/pintor. E aqui podemos ver muitos de seus trabalhos dos quais alguns ele fazia uma versão reduzida e usava como cartão de boas-festas que mandava para uma lista enorme de amigos. Alguns eram também reduzidos e usados como convites para exposições suas:




E por fim como designer de logotipos:

Estudos para o logotipo da Comissão Mista Brasil Bolívia.

Proposta (à minuta) para Altadena

Mais uma vez meu amigo Jorge Sávio me pediu que fizesse o projeto de uma proposta para sua Editora Altadena. Desta vez para uma proposta para um grande projeto que pretende recolher, através de concursos, crônicas premiadas sobre cidades brasileiras. A Crônica para a Cidade Amada. Desta vez para as cidades do estado de Pernambuco. Cheguei a apresentar um layout conceituado em cima da linguagem das publicações de cordel, do qual gostei muito. Contudo, Jorge argumentou que as cidades do interior pernambucano, como de resto de todo o nordeste, não têm mais aquele aspecto de cidadezinhas humildes e esquecidas como as retratadas nos filmes nacionais do Cinema Novo, embora eu tenha as minhas dúvidas. De qualquer modo, aceitando a argumentação do Jorge, propus esta silhueta - que pode ser de qualquer cidade mais moderna - recortada por um sol, este sim mais nordestino, que ilumina e recorta também a silhueta de um carcará voando. Recusado o primeiro layout, o do tratamento gráfico alusivo à xilogravura e portanto ao cordel, este segundo foi aceito e aprovado. Abaixo pode ser vista a capa da proposta e uma de suas páginas, ainda a ser completada com o texto respectivo.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Viajandão II

Estamos chegando de uma grande viagem que fizemos por Minas Gerais. Foram três momentos.

Clique no mapa para ampliá-lo

O primeiro, foi a visita que fizemos ao lugarejo de Angustura (ver mapa), outrora chamado Madre de Deus do Angú, para onde foi em 1862 o bisavô da Anna, aos 25 anos de idade, médico recém-formado, acompanhado da mulher e uma filha pequena, começar a vida profissional. Angustura fica um pouco depois de Além Paraíba, município mineiro na fronteira de Minas com o Estado do Rio de Janeiro, como o nome indica, cruzando-se o rio Paraíba. É um povoado minúsculo com duas ruas num sentido e outras tantas no outro onde o tempo parou desde que o velho Doutor José Alexandre de Souza Gurgel do Amaral foi para lá. A grande maioria das casas e demais edificações tem mais de um século e algumas são tão antigas quanto o próprio povoado. Nossa intenção era ter ido ao cartório da localidade para levantar documentos relativos aos antepassados da Anna mas, curiosamente, o cartório só funciona aos sábados. De qualquer modo, ao entrarmos no povoado ficamos conhecendo o Sr. Manoel de Souza Peres, conhecido como "seu Neca" que nos deu as primeiras informações. Saímos fotografando o que encontramos.

Esta casa, como mostra o medalhão na fachada, é de 1899

Esta casa, como mostra a data inscrita no triângulo da fachada, é de 1881

Vimos o belo casario da época, algumas edificações em ruínas, até chegarmos ao largo da igreja que lá estava tal qual descreveu o avô da Anna, no manuscrito que deixou contando a saga de seu pai naquela remota localidade de Minas.

Com a prestimosa ajuda de "seu Neca" conseguimos a chave da igreja com a Sra. Geni Silva Garcia, uma beata que toma conta da igreja, pois o padre só aparece lá uma vez por mês. A igreja, muitíssimo bem conservada para os seus 123 anos de idade, impressiona por seu tamanho desmesurado em relação à quantidade de casas do povoado. Acredito mesmo que não haja na localidade fiéis em número suficiente para lotá-la. Gostaríamos de ter ficado mais tempo em Angustura, e mesmo pernoitado lá, mas sequer existe uma pousada. Como a intenção principal era a do resgate de dados e informações que pudessem vir a enriquecer o livro que a Anna está escrevendo sobre a história de seu bisavô, achamos que devemos voltar lá com mais tempo, talvez pernoitando em Leopoldina que é uma cidade mineira de porte médio não muito longe de Angustura, para então ficar um dia inteiro em Angustura trabalhando na pesquisa.

Esta é a estrada que sai da BR 116 e dá acesso a Angustura

De Angustura fomos então para Leopoldina, e de lá iríamos no dia seguinte para Belo Horizonte, para a casa de nossa filha Priscilla que há pouco mudou-se para a capital mineira, segundo momento de nossa viagem. Dormimos num hotel novo e confortabilíssimo chamado Minas Towers. No dia seguinte, após o café da manhã partimos para BH, passando por Cataguases, Barbacena, Conselheiro Lafaiete e chegando a Belô pouco antes da hora do almoço. Viagem tranquila. Infelizmente encontramos nossa netinha Maria com caxumba. Por outro lado, para nossa alegria, reencontramos nosso velho amigo Julio Cesar Christophe da Silva, o Murce, que foi, como sempre, extremamente carinhoso. Neste terceiro momento da viagem, fomos comprar um vinho para o jantar e combinamos que no dia seguinte eu iria com ele ao mercado comprar os ingredientes para um "Moscou contra 007" que é uma receita de sua autoria para um delicioso rosbife de filé mignon com fetucini feito com funghi e creme de leite que ele iria preparar para o almoço. Fomos então ao mercado, compramos o material e fomos, nós dois para a casa dele, que é um ótimo apartamento duplex de cobertura, aonde ele mora e tem seu atelier de ceramista e preparador de bonsais. Muito bonitas tanto as cerâmicas quanto os bonsais que ele faz.

Em seguida fomos para a cozinha onde, enquanto bebericávamos um bom vinho ele preparava, como só ele sabe fazer, o tal "Moscou contra 007".
Depois de pronto o prato, chegaram Priscilla, Ricardo e Maria e pudemos então provar a iguaria saída da cozinha desse chef nato que é Murce.

Após este almoço maravilhoso seguiu-se uma sessão de slides, como nos velhos tempos, da qual separo dois. Um da Priscilla aos 13 anos em nossa casa das Charitas e outro de Anna e Olenka nas areias que Julio diz que são de Itaipuassú e a Anna diz que são de Camboinhas, ambos tirados por volta de 1978.

Depois disso, assistimos a um show de música maravilhoso de um pianista, cujo nome não gravei, e seu grupo, na fantástica televisão de Julio. Ainda tive tempo de fazer uma rápida visita a minha cunhada Lou que estava recém chegada de Nova York e que mora pertinho da Priscilla. No dia seguinte, domingo bem cedinho, acordamos, tomamos o café da manhã numa padaria com pães incríveis e uma música ambiente de clássicos do jazz e partimos de volta para nossa casa em Resende. Foram seis horas de viagem direto. Boa viagem. Tudo foi tão bom que pretendemos voltar breve. Em primeiro lugar para, com mais calma, complementarmos o levantamento em Angustura e depois para rever nossa filha e sua família.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Casa da Dona Catarina


Surfando pela Internet procurando matérias sobre a Niterói do meu tempo, acabei encontrando a Casa da Dona Catarina que é esta que se vê aí em cima. A cor dela não era essa. Ela era creme clarinha com os detalhes brancos, e o muro não era assim. Mas a casa ainda assim era essa mesma. Ficava na nossa rua, a Herotides de Oliveira, no número 18, entre a casa do Dr. Cheferrino e a casa do Werner. Dona Catarina era uma senhora húngara gorduchota e corada, casada com o também húngaro Sr. Karel, que ia à praia de roupão. Era um casal muito tranquilo, sem filhos e com um cachorro cocker spaniel preto. Até onde se sabia o Sr. Karel era químico. Dona Catarina subia numa pequena escadinha de uns três degraus encostada no muro que separava sua casa da casa do Werner - que era nosso amigo de infância - para fofocar com a mãe dele, Dona Elizabeth, também trepada numa mesma escadinha de três degraus encostada no muro, do seu lado. Esta árvore que se vê é um pé de oití, uma frutinha dura que usávamos, junto com mamonas, em grandes guerras da garotada. Um dia, numa das férias do Dr. Cheferrino que sempre ia para Araxá, juntou uma garotada em sua garagem e demos início a uma grande batucada com latas velhas que durou horas e usou a garagem como concha acústica amplificando o som que ficou ensurdecedor. Dona Catarina não aguentou, reclamou misturando português com húngaro e alemão e disse que ia chamar a polícia. Quando chegou um carro da radio patrulha nós havíamos desaparecido como por encanto e Dona Catarina ficou dando explicações em sua língua estranha para os policiais. Achamos aquilo tudo o máximo. Coitada da Dona Catarina.