quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

20 anos depois, uma amizade de 60 anos

Eu tinha 7 anos e Balu, meu irmão mais novo 5. Ele havia acabado de ser operado de um triste acidente, brincadeira de crianças, que lhe tirou a vista do olho esquerdo. Nós dois éramos muito amigos do casal de filhos do Dr. Sebastião Cheferrino e Dona Lourdes. Brincávamos na casa deles quase que diariamente. O menino chamava-se Eduardo e era louco por carros. A menina chamava-se Ruth e era essa bonequinha aos quatro anos de idade que está sentada na cadeira e que nem consegue encostar os pés no chão. Pois bem, a vida levou cada um de nós quatro para um lugar. Balu ficou em Niterói, Eduardo faleceu prematuramente e eu consegui encontrar a Rutinha através dessa maravilhosa Internet.


Mandei um e-mail para ela que me respondeu em seguida e me deu seu telefone para o qual liguei imediatamente. Ela está morando em Angra dos Reis numa casa simpaticíssima com uma bela vista para uma das enseadas de Angra. Anna e eu fomos visitá-la nesta última segunda-feira. Ela continua a mesma Rutinha que fazia 20 anos que eu não via. Aqueles mesmos olhinhos brilhantes e vivazes. Foi uma grande emoção! Chegamos na casa dela às 4 horas da tarde e fomos até às 2 da manhã relembrando 60 anos de um relacionamento que começou quando eu tinha 7 anos e ela 4 e éramos essas crianças da foto. (Eu sou o mais a esquerda, meu irmão ao meu lado, Rutinha na frente e Eduardo sentado no braço da cadeira). Mais tarde chegou Sérgio, seu marido e ficamos bebericando um vinho que tínhamos levado e vendo velhas fotografias e ouvindo as histórias que tínhamos para contar. Quem estava aonde, fazendo o que, casado com quem, com quantos filhos, com quantos netos, quem tinha morrido, etc, etc. A certa altura fomos para dentro do quarto aonde fica o piano e pude novamente, após duas décadas, ouvi-la tocar divinamente aquele instrumento que ela domina. Meio timidamente peguei uma das gaitas que tinha levado e começamos a fazer uma brincadeira com músicas do Tom Jobim. Foi demais. Mais tarde chegou o Ricardo, um dos filhos do casal Ruth e Sergio. Ricardo é arquiteto e tinha ido ao Rio atrás de trabalho. Conversamos um pouco e ele foi me mostrar alguns de seus trabalhos. O jovem arquiteto é talentoso e penso que não terá dificuldade em encontrar trabalho. O Sérgio foi muito simpático conosco. Acabamos indo dormir. No dia seguinte ficamos na mesa do café da manhã até o meio-dia, hora em que tivemos que nos despedir do casal pois tínhamos um compromisso em Resende às 14 horas e de Angra até Resende gastam-se duas horas de viagem. Essa visita à Rutinha foi ótima, embora corrida face ao compromisso que tínhamos e não deu para colocar em dia os 20 anos que não nos víamos nem os 60 de nossa amizade. Ficamos de voltar lá, ou eles de virem aqui. Alguma dessas duas coisas vai acontecer, breve.

2 comentários:

Jhonny Russel disse...

Emocionei-me aqui com este teu relato.

PArabens pelos bons sentimentos da tua alma.

Antonio Palmeira disse...

Boa noite, Caloga.
Assim foi como ouvi o Balu te chamar, como ele me apresentou você numa noite daquelas no panorâmico ap do Edifício Canadá.
Naquela época, eu estava morando com o Balu, que me "abduziu" por alguns meses no seu planeta desorbitado.
Vocês tocaram algumas peças no Alaúde e na flauta. Anos 80. Tempo de bordejos com o snipe em noites de chuva. Cousas do Balu.
Abandonei a caravela Vera Cruz na última década do século passado. Acabei em Buenos Aires, onde atraquei durante dez gratos anos.
De lá, viemos (casado com filha) à Catalunha, uma bela ilha encravada na Península Ibérica.
Nada sei do Balu, desde hace 25 años.
Deixei Niterói pra nunca mais voltar.
Gostaria de saber dele. Foi um grande amigo, de quem aprendi tudo o que não se ensina nas escolas.
Lembrar-me dele sem sorrir é impossível.
Um abraço.