quinta-feira, 29 de novembro de 2007

12. As motos

Outra paixão em minha vida foi com os veículos de duas rodas. Quando eu tinha 18 anos foi lançada no Brasil a Lambretta, em dois modelos, a Standard ou L e a de luxo ou LD. Resolvi que queria ter uma e fui para isso trabalhar nos escritórios de uma grande loja de materiais de construção e eletrodomésticos chamada Moreira dos Cofres. Comecei lá como tradutor, traduzindo uns manuais de trefilação de arames e fabricação de pregos que era uma das atividades da empresa.


Estas 'scooters' que na época eram classificadas como 'motonetas' eram a coqueluche da rapaziada e dizia-se que quem as possuia era da 'juventude transviada' (título de um filme americano com o galã carismático James Dean que encarnava o jovem rebelde norte-americano e que teve uma morte prematura dirigindo seu Porsche em alta velocidade, o que o deixou ainda mais carismático, só que post-mortem). Era ótima a minha Lambretta do tipo L, ou 'Standard' como era também chamada. Logo na primeira semana sofri um acidente que me deixou uma grande cicatriz no braço esquerdo que tenho até hoje. Bati de frente contra um carro que avançou o sinal na esquina da rua Marques de Paraná com a Avenida Amaral Peixoto, que naquela época era de mão dupla. A Lambretta foi ser consertada e pintada de preto. Ficou linda. Eu também fui ser consertado mas fiquei com a tal cicatriz.
Muito mais tarde, por volta de 1975, eu trabalhava no Serpro, no Rio de Janeiro e ir e voltar todo dia de carro era caro ou então de ônibus e barca demorava muito tempo. Resolvi então comprar uma motocicleta e me apaixonei pelo desenho desta Suzuki RV 90 que se vê abaixo. Ia e voltava para o Rio pela ponte Rio-Niterói que naquele tempo tinha ainda pouco tráfego fazendo cada parte do percurso em menos de meia hora. A RV 90 chamava atenção por sua forma inusitada. Ela era uma motocicleta concebida para andar na areia.


Por esta razão, ela não se comportava adequadamente no asfalto e então resolvi comprar uma moto projetada para este tipo de terreno. Assim troquei a RV 90 por uma outra Suzuki, desta vez uma GT 250, de dois cilindros e dois tempos com um grande torque, seis marchas e uma arrancada assustadora. Foi muito bom tê-la. Fiquei com ela muto tempo. Levava minhas duas filhas para a escola antes de ir trabalhar. Adriana que era maior ia sentada atrás de mim e Priscilla ia sentada sobre o tanque de gasolina. As mães das outras crianças que nos viam chegar na escola ficavam escandalizadas. Veja como ela era bonita.

Um dia voltando do trabalho pela avenida Francisco Bicalho para pegar o acesso da ponte Rio-Niterói, atrás e colado a um grande caminhão basculante, eis que ele freia abruptamente e eu também, só que sobre uma mancha de óleo na pista. A moto deslizou no óleo e eu fui cair sob o diferencial do caminhão, entre as rodas traseiras. A moto não sofreu nada além de uma torção no guidon. Montei nela e continuei indo para casa. Decidi vendê-la no dia seguinte. As motocicletas, assim como outras coisas na vida dão-nos dois grandes prazeres: quando as adquirimos e quando nos desfazemos delas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caloga
Em 1957 fui com meu pai a um leilão no Cais do Porto no Rio para assistir a um leilão de Lambretas apreendidas pela Receita Federal.Ainda eram italianas e entraram ilegalmente.Acabamos sindo com uma Standart igual à sua.Tinha blusão vermelho igual ao Jeames Dean.Fui tão fã do ator que,até hoje ,tenho a réplica de um Porsche 356 semelhante ao do acidente.É meu carro predileto que uso normalmente no dia a dia.