Era ainda estudante do 3º ano da ESDI. Muita coisa estava acontecendo no país e no mundo. Os valores estavam em questão. Aqui muita repressão. A ditadura recrudescia (para usar o verbo empregado de forma reflexiva pelo mais tarde presidente General João Batista Figueiredo) e baixava o pau nos estudantes que mesmo assim não se intimidaram e foram para a rua no evento mais importante de oposição ao regime, que ficou conhecido como Passeata dos 100.000. A ESDI ficava quase em frente ao quartel da Polícia Militar na rua Evaristo da Veiga e de lá saímos para uma grande concentração na Cinelândia para ouvir os discursos inflamados dos líderes do movimento estudantil, entre eles o Vladimir Palmeira, o Travassos, intelectuais e outras pessoas importantes, como o psiquiatra Hélio Pelegrino. As fotos abaixo mostram este momento de grande emoção em que ficávamos sem saber de que lado viria a polícia, enquanto ouvíamos os discursos. O governador do Estado, Negrão de Lima, sabiamente deu ordens para que a polícia não entrasse em confronto com os manifestantes, até porque a manifestação era absolutamente pacífica. Ninguém, sobretudo os estudantes que na época representavam o único movimento de contestação razoavelmente organizado, aguentava mais o sufoco da ditadura e o estopim daqueles acontecimentos foi a morte pelos agentes da repressão do estudante Edson Luiz no restaurante dos estudantes no Calabouço. Aí foi a gota d'água. Os estudantes organizaram a concentração na Cinelândia a qual compareceram mais do que estudantes, pois acabou contagiando e mobilizando todos os que não aguentavam mais a ditadura militar.
Aí está o mártir do movimento estudantil contra a ditadura e a repressão.
A multidão em frente à Câmara ouvindo os discursos.
Da Cinelândia saímos pela Avenida Rio Branco em direção à Candelária. Na frente da passeata iam além de figuras notórias da itelectualidade, pessoas como Chico Buarque, Edu Lobo, Norma Benguel, Odete Lara etc. Quando chegamos à Candelária fomos surpreendidos pela cavalaria do exército. Já estávamos preparados com bolinhas de gude que foram jogadas no chão para que os cavalos caíssem, e com eles aqueles que os montavam, ao pisar com suas patas nelas. Em Paris estava acontecendo algo parecido. Na verdade era o inconformismo da juventude do mundo para com os valores vigentes. Só que aqui era pior, pois os militares não afrouxavam o nó, ao contrário, o apertavam cada vez mais. Passamos o resto de 68 em escaramuças com o poder que se constituiu a si mesmo e que durou 21 anos.
Enquanto os Beatles cantavam "Let it be".
A multidão em frente à Câmara ouvindo os discursos.
Esta é a foto emblemática do fotógrafo Evandro Teixeira.
Vista da Câmara para a multidão.Eu estou junto de meus colegas da ESDI
Vista da Câmara para a multidão.Eu estou junto de meus colegas da ESDI
Da Cinelândia saímos pela Avenida Rio Branco em direção à Candelária. Na frente da passeata iam além de figuras notórias da itelectualidade, pessoas como Chico Buarque, Edu Lobo, Norma Benguel, Odete Lara etc. Quando chegamos à Candelária fomos surpreendidos pela cavalaria do exército. Já estávamos preparados com bolinhas de gude que foram jogadas no chão para que os cavalos caíssem, e com eles aqueles que os montavam, ao pisar com suas patas nelas. Em Paris estava acontecendo algo parecido. Na verdade era o inconformismo da juventude do mundo para com os valores vigentes. Só que aqui era pior, pois os militares não afrouxavam o nó, ao contrário, o apertavam cada vez mais. Passamos o resto de 68 em escaramuças com o poder que se constituiu a si mesmo e que durou 21 anos.
Enquanto os Beatles cantavam "Let it be".
Nenhum comentário:
Postar um comentário