Passei o ano todo seguinte (1969) preparando minha tese de formatura e trabalhando numa agência de propaganda americana chamada CIN (Companhia de Incremento de Negócios) que ficava na esquina da avenida Presidente Antônio Carlos com a avenida Beira Mar. Era divertido. De certo modo funcionou como uma válvula de escape para aliviar a pressão daqueles momentos tenebrosos em que vivíamos. Foi meu primeiro encontro com a "cultura" das agências de propaganda que, em matéria de comunicação visual (e mesmo verbal) era tudo o que se podia chamar de anti-design. Mas me exigiam pouco e me pagavam bem. Consegui até comprar meu primeiro carro, um fusca 59 alemão, uma gracinha. Decidi que não estava mais aguentando a barra e resolvi ir embora do Brasil. Estava me preparando para disputar uma bolsa de estudos oferecida pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e ao mesmo tempo me candidatando a ser aceito pelo internacionalmente renomado Institute of Design do Illinois Institute of Technology, em Chicago, num lindo prédio projetado por ninguém menos que Mies van der Rohe, para obter um grau de Master of Science em Visual Design.
Consegui ambas as coisas e partimos para os US em setembro de 70. Fomos primeiro para Washington, fazer um pit stop na casa de meu irmão Sergio que trabalhava lá, na Embaixada Brasileira, onde ficaram a Anna e as crianças (naquela época Adriana tinha 6 e Priscilla 4 anos)e eu voei para Chicago para fazer a inscrição no ID/IIT - era o último dia - e alugar um apartamento onde iríamos morar. Depois de fazer a inscrição fui à casa de uma prima minha em 2º grau, a Titiza (filha do Roberto Maranhão, primo da minha mãe), que era casada com o Roger, um americanão também estudante. Fui num taxi guiado por um motorista negro com cara e jeito de Louis Armstrong, muito simpático. A Titiza me ajudou a encontrar um apartamento aonde eu podia pagar (minha bolsa era para um estudante solteiro e eu levava minha mulher e duas filhas pequenas), só que ficava em Deus Me Livre. Titiza arranjou-me também um colchão inflável com um furinho que fazia com que o colchão amanhecesse vazio, mas dava para dormir. Peguei um avião de volta para Washington para me reunir com a Anna, as crianças e nossas malas e aí então voltar com elas para Chicago. Liguei para a Anna e disse que eu iria chegar tal hora no vôo tal da companhia tal, e o Sergio ficou de ir com ela me esperar no aeroporto. Só que quando saí do aeroporto, não encontrei nem ela nem Servio e me vi num lugar completamente diferente do lugar de onde eu tinha saído para ir para Chicago. Meio aturdido, procurei uma cabine telefônica para ligar para o Sergio e qual não foi a minha surpresa quando entrou uma telefonista na linha e disse que aquele número não existia. Insisti dizendo que há poucas horas tinha falado com minha mulher naquele número. Não adiantou. Aí então pedi que ela me desse o telefone da casa do Sérgio, que ficava na rua tal, número tal, e para minha surpresa e total espanto, a telefonista disse que não existia nem aquela pessoa, nem aquela rua, nem aquele número. Parecia filme de ficção científica misturado com filme de terror. Me deu um negócio. Em primeiro lugar achei que não tinha entendido corretamente o que ela tinha me dito, pois ainda tinha a dificuldade inicial natural de entender a língua, ainda mais por telefone, e liguei para a telefonista outra vez, que desta vez era outra, mas que novamente me repetiu tudo o que a outra já tinha me dito antes. E agora, o que fazer? Estou perdido, não sei se embarquei no avião errado, se saltei no aeroporto errado, não sei nem onde estou. Como encontrar o Sergio e a Anna? Com calma voltei novamente à telefonista, expliquei o meu problema que a esta altura beirava o pânico, e ela inteligentemente, percebeu que se tratava de um mero problema de ignorância minha e de fronteiras e aeroportos diferentes, porém próximos. Algo assim como se eu tivesse saído do Rio de Janeiro pelo Galeão e voltado pelo Santos Dumont sem conhecer a cidade. Finalmente a telefonista me colocou em contato com o Sergio que foi me buscar. Quando ele chegou com a Anna eu cai num choro convulsivo que custou a ser contido. Foi uma das maiores emoções da minha vida.
Consegui ambas as coisas e partimos para os US em setembro de 70. Fomos primeiro para Washington, fazer um pit stop na casa de meu irmão Sergio que trabalhava lá, na Embaixada Brasileira, onde ficaram a Anna e as crianças (naquela época Adriana tinha 6 e Priscilla 4 anos)e eu voei para Chicago para fazer a inscrição no ID/IIT - era o último dia - e alugar um apartamento onde iríamos morar. Depois de fazer a inscrição fui à casa de uma prima minha em 2º grau, a Titiza (filha do Roberto Maranhão, primo da minha mãe), que era casada com o Roger, um americanão também estudante. Fui num taxi guiado por um motorista negro com cara e jeito de Louis Armstrong, muito simpático. A Titiza me ajudou a encontrar um apartamento aonde eu podia pagar (minha bolsa era para um estudante solteiro e eu levava minha mulher e duas filhas pequenas), só que ficava em Deus Me Livre. Titiza arranjou-me também um colchão inflável com um furinho que fazia com que o colchão amanhecesse vazio, mas dava para dormir. Peguei um avião de volta para Washington para me reunir com a Anna, as crianças e nossas malas e aí então voltar com elas para Chicago. Liguei para a Anna e disse que eu iria chegar tal hora no vôo tal da companhia tal, e o Sergio ficou de ir com ela me esperar no aeroporto. Só que quando saí do aeroporto, não encontrei nem ela nem Servio e me vi num lugar completamente diferente do lugar de onde eu tinha saído para ir para Chicago. Meio aturdido, procurei uma cabine telefônica para ligar para o Sergio e qual não foi a minha surpresa quando entrou uma telefonista na linha e disse que aquele número não existia. Insisti dizendo que há poucas horas tinha falado com minha mulher naquele número. Não adiantou. Aí então pedi que ela me desse o telefone da casa do Sérgio, que ficava na rua tal, número tal, e para minha surpresa e total espanto, a telefonista disse que não existia nem aquela pessoa, nem aquela rua, nem aquele número. Parecia filme de ficção científica misturado com filme de terror. Me deu um negócio. Em primeiro lugar achei que não tinha entendido corretamente o que ela tinha me dito, pois ainda tinha a dificuldade inicial natural de entender a língua, ainda mais por telefone, e liguei para a telefonista outra vez, que desta vez era outra, mas que novamente me repetiu tudo o que a outra já tinha me dito antes. E agora, o que fazer? Estou perdido, não sei se embarquei no avião errado, se saltei no aeroporto errado, não sei nem onde estou. Como encontrar o Sergio e a Anna? Com calma voltei novamente à telefonista, expliquei o meu problema que a esta altura beirava o pânico, e ela inteligentemente, percebeu que se tratava de um mero problema de ignorância minha e de fronteiras e aeroportos diferentes, porém próximos. Algo assim como se eu tivesse saído do Rio de Janeiro pelo Galeão e voltado pelo Santos Dumont sem conhecer a cidade. Finalmente a telefonista me colocou em contato com o Sergio que foi me buscar. Quando ele chegou com a Anna eu cai num choro convulsivo que custou a ser contido. Foi uma das maiores emoções da minha vida.
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