domingo, 30 de dezembro de 2007

41 O Lance que mudou a nossa vida

Novos Rumos . . .

O primeiro trabalho de tradução que fizemos, Anna e eu, foi uma peça de autoria de Lance Sherman Belville - dramaturgo americano com extenso currículo e muitos prêmios em seu país, chamada no original de "Pope Joan", que traduzimos para A Papisa Joana. A peça, para dois personagens, é muito boa e fala sobre o mito de uma mulher (disfarçada de homem) que teria se tornado Papa entre os anos 855 e 857. O relacionamento com o autor deu-se a partir de uma indicação do Jorge Sávio. Escrevemos um e-mail para o Lance Belville nos candidatando a traduzir sua peça. Ele nos enviou dez páginas - a título de teste - que traduzimos e mandamos de volta. Fomos aprovados! Combinamos honorários e prazos e ele nos mandou uma minuta de contrato para que assinássemos e depois nos mandou o resto do texto. Foi um trabalho que curtimos muito fazer. Discutíamos muito até chegar a um acordo sobre as dúvidas e no fim, emocionados, choramos os dois com o desfecho da peça. Toda a tradução foi feita com o auxílio de um dicionário escolar que o meu irmão Augusto nos deu e conosco ainda morando em Mauá e nos comunicando com o Lance pela Internet, tendo que ir de nossa casa à Vila de Visconde de Mauá (12 km ida e volta) e às vezes encontrar a Lanhouse fechada e ter que voltar para casa sem poder nos comunicar com o Lance para esclarecer eventuais dúvidas. O tradução ficou muito boa - sem falsa modéstia - e o Lance acabou vindo para o Rio de Janeiro aonde houve uma leitura dramatizada feita pelos atores Armando Babaioff (que fazia o Padre) e Márcia Valéria (que fazia a Papisa Joana), aberta ao público numa sala do SESC Copacabana, seguida de um debate com o público, na qual o autor, o elenco e nós tradutores discutimos com o público sobre o que tinha sido a experiência de ter traduzido a peça. A partir daquele trabalho, fizemos mais uma tradução para o Lance, desta vez de uma peça infantil sobre um indiozinho brasileiro. Nessa peça, tem um personagem, o Papagaio Azureco, nome que demos ao personagem, que só fala em versos, e aí a Anna demonstrou todo o seu talento de poeta. Nosso amigo Jorge Sávio em seguida nos deu um livro para traduzir, sobre física para não-físicos. Tinha dado certo a mudança de rumo a que me propuz. O negócio de tradução estava indo de vento em pôpa para nós. Precisávamos apenas de uma infra-estrutura melhor do que a que tínhamos em Mauá, que para falar a verdade era quase nenhuma. Sem telefone, sem Internet, ou com uma Internet que nem sempre estava disponível e a 12 km, com dois computadores sendo que um deles era um verdadeiro Frankenstein, comprado usado, feito de sucata de vários outros computadores. Precisávamos de um lugar decente para trabalhar se queríamos levar a sério e adiante nossa nova atividade.

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