terça-feira, 18 de dezembro de 2007

31. O primeiro computador a gente nunca esquece

Antes de sair da White Martins, vinha lendo sobre algo de novo que surgia - os microcomputadores, que eram como se chamavam os PCs naquela época - e suas aplicações nas chamadas artes gráficas. Conversando com meu velho amigo Jorge Nogueira Sávio, ele me falou também com entusiasmo sobre o assunto e me indicou um designer que prestava serviços para ele e que estava usando um microcomputador para realizar seus projetos. Fui visitá-lo e fiquei maravilhado com o que vi. A velha prancheta tinha se reduzido a uma pequena tela de 14 polegadas e não havia mais a necessidade daquela infinidade de instrumentos, tintas, guaches, nanquim, réguas, esquadros etc. Era quase ficção científica. Perguntei como se conseguia comprar aquela máquina e como se aprendia a usá-la. Comprar, só de contrabando, me disse. E para aprender a usar eu teria que comprar livros que ensinavam a trabalhar com os programas (dos quais ele me daria cópias). Da polpuda indenização que recebi da White Martins, destinei (imaginem só!) US$ 4,000 que foi quanto na época paguei a um contrabandista por um computador PC 286, com 1Mb de RAM, um HD de 40 Mb, um monitor colorido super VGA, um mouse e um scanner de mão (todo esse equipamento era um assombro na época).


Sem saber sequer como colocar aquela engenhoca para funcionar, lancei-me a fuçá-lo até alta madrugada para decifrar suas possibilidades. Fiz várias besteiras das quais me salvaram meus amigos Ovídio Velasco de Oliveira (na época trabalhando na Embratel) e Ricardo Leão, ex-colega do SERPRO. Não existia ainda o Windows, e todos os comandos tinham que ser dados através de códigos meio ininteligíveis e misteriosos do DOS. Mas eu tinha decidido que dali por diante minha vida profissional iria se basear nas possibilidades daquela tecnologia. O primeiro trabalho que me propuz a fazer, na primeira semana de posse do microcomputador, foi o projeto, diagramação, composição e arte-finalização de um livro sobre a influência da TV Globo na campanha e eleição do presidente Fernando Collor de Mello, livro esse de autoria daquele mesmo Francisco Paulo de Melo Neto que tinha me levado para a White Martins. Daí pra frente não parei mais. Fui aprendendo a lidar com a informática, seus programas e possibilidades e arranjando clientes. Trabalhei até para a IBM.

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